18/08/2010

Vingança

Um famoso ditado popular diz ser a vingança um prato que se serve frio, ou seja, ela será mais eficiente quando bem planejada e executada na hora mais apropriada. Outra interpretação é de que a vingança não deve ser cometida imediatamente para que não se faça bobagens, movido pelo calor do momento.
Lá de onde eu vim costuma-se dizer que a vingança é um prato que se come freio ou pelas beiradas.
Alguns filósofos a encaram como um reparo desejável contra a injustiça, outros como desnecessária por abalar a tranquilidade de quem a persegue. Apesar de opostas, as duas visões concordam em um ponto: a vingança interfere em nossas possibilidades de ser feliz.
A reação colérica frente ao prejuízo deliberado de uma pessoa sobre a outra é vista por Aristóteles como emotiva e justificável.
Segundo os estoicos, para que a natureza garantisse a nossa felicidade, ela nos ofereceu um valioso instrumento: a razão. Apesar das muitas diferenças em relação aos aristotélicos, os estoicos concordam que a razão (logos) é parte fundamental para se viver uma vida boa.
Jesus Cristo, arauto da nova fé, se faz claro ao afirmar que, quem quiser alcançar o perdão de Deus e habitar o paraíso, deve ser capaz de perdoar todo aquele que lhe fizer mal. A lei mosaica diz que o justo deve punir o injusto, que o servo obediente deve punir o pecador. Porém, quem teria condições morais suficientes para levar a cabo a justiça de Deus e condenar o seu próximo?
Muitos, obviamente, se questionam sobre a sugestão psicanalítica para a vingança. A resposta é simples, não há. Aqui, Filosofia e Psicanálise se aproximam quando constatam que não é fácil viver. De que não existem respostas prontas ou universais para todos os casos. Por isso, os conselhos geralmente são ruins e desnecessários. O único convite que ambos sugerem é o de refletir melhor sobre a vida que se leva. Sobre as decisões a se tomar. Pensar sobre nossas tristezas e possibilidades de alegria. Com ou sem vingança. Questão genuinamente filosófica sobre a vida que vale a pena ser vivida.
Fonte: artigo Os vieses da vingança, publicado na revista Filosofia, recomendo a sua leitura.
Grato por este agora e um bom caminho!

Nenhum comentário:

Postar um comentário