Estive participando do Fóruns Permanentes sobre Fotografia e Memória, realizado no Centro de Convenções da Unicamp no dia 23 de agosto.
Desejo partilhar com você a fala da Maria Carolina Bovério Galzerani, Diretora do Centro de Memória da Unicamp, na abertura do evento. A qual sintetiza uma visão bastante clara do papel da fotografia nos dias atuais.
Bom dia a todos(as)
É com grande entusiasmo e prazer que em nome
do Centro de Memória Unicamp, lhe dou as boas vindas, caros participantes deste
Fórum Permanente!
A temática eleita como mote das reflexões e
discussões é a relação entre Fotografia e Memória – justamente neste mês,
dedicado á fotografia. Interessa-nos focalizar as potencialidades inquietações
e desafios engendrados por tal reação na contemporaneidade, sobretudo no que
respeita à produção do saberes, como às práticas e políticas de preservação da
documentação fotográfica. Se a história é imagem, como no diz Agramsem (2005)
privilegia tal temática neste Fórum, podemos
Contribuir para a retomada/ressignificação
dos sentidos, historicamente constituídos, por que diz respeito à nossa
inserção nas camadas do tempo, e, subretudo no presente.
Temos ciência que a produção bibliográfica
concernente à tal questão é ampla e multidisciplinar. Em busca, apenas, de
alguma imagens monadológicas, capazes de nos inspirar nestes mergulhos
reflexivos, lembro, com Boris Kasoy (2005) que “a fotografia é memória e com
ela se confunde”. Já para Jaques de Lotf (2003), a “fotografia revoluciona a
memória, multiplica-a, democratiza-a, dá-lhe uma precisão e uma verdade visuais
nunca antes atingida, permitindo, assim, guardar memória do tempo e de evolução
cronológica”.
Nas palavras de Walter Benjamin (1930), por
sua vez a fotografia é ruína do tempo, é, ao mesmo tempo, índice do passado e rastro
dos acordes do futuro. Como imagem dialética tenciona sonho e despertar; lembrança
e esquecimento, aparência e ocultação, fixidez e instabilidade, vida e morte.
Nesta mesma trilha inspiradora Lissovsky (2008) afirma que a fotografia “na
atualidade pouco significa diante de sua potência de reencarnação”.
Considerando, pois, especialmente este tempo
instável da imagem, na qual estamos imersos, quando se tenta responder ao que
se convencionou chamar de aceleração da história com a ansiedade pela perda,
geradora, pro sua vez, de um aumento das práticas de memória exponencial e
muitas vezes esvaziada de sentidos meus plenos – faz sentido em nossa vida
colocar um foco (em xeque) as relações entre fotografia e memória.
Como organizadores deste evento - enquanto
CMU – vimos nos dedicando desde o ano de 1985 (quando da criação entre Centro
pelo emérito Prof. Dr. José Roberto do Amaral Lapa) é preservação organização,
disponibilização de acervos documentais amplos (fotográficos, escritos e orais)
voltados à historicidade de Campinas, da região, na relação com o
marco-histórico. Temos atuado com um importante fórum de produção de pesquisas
acadêmicas, relativas sobretudo a tal temática.
Hoje este Centro conta com profissionais
especializados que, além de desenvolverem suas atividades junto ao Centro,
realizam pesquisas e prestam assessoria a diversos órgãos públicos e privados,
mediante convênio de cooperação a Universidade. Com o objetivo de aproximar-se
ainda mais do público em geral, o CMU abre espaço para visitas monitoradas.
Destaco, finalmente, que este evento só se
fez possível graças aos esforços e dedicação da equipe organizadora, compota
pelos funcionários do Arquivo Fotográfico do CMU, mais particularmente a
responsável pelo setor Cássia Dencoi Gonçalves e Marli Marcondes, sob a
coordenação geral da Diretora Associada, Maria Elena Bernardes.
Agradeço também ao fundamental apoio
institucional da Coordenadoria Geral da Universidade (Programa extensão).
Desejo a todos um excelente e profícuo
evento.
Obrigada!
Grato por este agora, um bom caminho e fique bem!