30/12/2009

Ruptura


No curso de nossas vidas, passamos por mudanças e transformações; amadurecemos e envelhecemos. Mas essas são alterações que ocorrem num continuum. A morte, ao contrário, é uma alteração súbita e descontínua. Ponto de ruptura, ela interrompe a continuidade; faz cessar a própria possibilidade de mudança ou transformação. Como dizia Epicuro, a morte não se acha na temporalidade da vida. Ela não nos diz respeito, porque, quando aí estamos, ela não se apresenta e, quando se faz presente, nós já não estamos mais. No limite, a morte não concerne nem os vivos nem os mortos. Ao examinar diferentes culturas, notamos que o homem desde sempre lutou contra a morte. Impulsionado pelo desejo de tornar-se imortal, quis deixar vestígios de sua existência na Terra. Mas, à medida que descobria que a morte era inevitável, ele se tornava mais humano.
Bom caminho!

Nenhum comentário:

Postar um comentário