29/12/2009

Aceitar a Finitude


Mas por que não perseguir a idéia de que, numa outra sociedade, todo ser humano teria assegurado o seu direito a uma morte digna, porque veria antes respeitado o seu direito a uma vida digna? Então, o homem não mais desempenharia o papel de dominador da natureza, mas abandonaria a posição privilegiada que durante séculos acreditou ocupar. Ele não mais se imporia como um sujeito em face da realidade, mas se converteria em parte do mundo. Aceitando sua humana condição, com tudo o que nela há de frágil e finito, ele não mais pensaria a vida e a morte como termos excludentes.
É bem verdade, como sustenta Jankelevitch em seu estudo de envergadura sobre A morte, que o instante mortal é um acontecimento incomparável que não permite qualquer conceitualização. A morte, quando advém, é literalmente extra ordinem, uma ordem extraordinária. Uma lâmina de vidro translúcida separa o além do aquém. Basta um coágulo de sangue numa artéria, um espasmo do coração, para que o além se torne aquém. E bruscamente o vazio se instala no ser.
Bom caminho!

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