22/05/2015

Diante da lei...

Vamos fazer uma viagem do EU ao NÓS por meio do texto de Franz Kafka declamado por Antonio Abujamra:


A uma porta que dá para a lei
Diante dela um guardião
O guardião da porta da lei
Um homem simples chega
E pede para entrar
O guardião responde
Que naquele dia não é permitido entrar
O homem pensa um pouco
E pergunta
Quando poderei entrar
O guardião responde
Que de repente, mas não agora
Como a parta da lei está aberta
O Homem simples se agacha
Para olhar para dentro
Por entre as pernas do guardião
O guardião impede o homem de olhar
E o adverte
Adverte que lá dentro
Há outras portas
E outros guardiões
Um mais forte e feroz que os outros
O homem simples
Sempre pensara que a lei
Deveria se acessível a todos os homens
O guardião lhe empresta um banquinho
Para sentar-se a porta da lei
E ficar esperando a hora de entrar
Passam-se os dias e os anos
O homem simples
Continua perguntando
Quando poderá entrar
O guardião dá respostas vagas e impessoais
Dizendo sempre que a hora
De entrar ainda não chegou
O homem simples tira a roupa
Tira a roupa do corpo
E tenta subornar com ela
O guardião da porta da lei
O guardião não recusa
Aceito! Aceito!
Para que você não diga
Que não tentou tudo
Aceito!
Mas ainda não posso permitir
A sua entrada
Com o passar dos anos
O homem simples maldiz seu destino perverso
De dor, de sofrimento, em velhice
Sem poder cruzar a porta da lei
Que ali continua diante dele
Emanando uma claridade que ofusca
Seus olhos cansados
Nada lhe resta
Senão, a morte!
Agonizando, ocorre de perguntar
Ao guardião
Porque durante todos aqueles anos
Todos aqueles anos que esperou
Não apareceu nenhuma outra pessoa
Pedindo para entrar pela porta da lei
E o guardião responde
Ninguém quis entrar por esta porta
Por que ela se destina apenas a você
E agora, com sua morte

Eu terei de fecha-la... 

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