10/07/2015

A princípio bastaria ter...

Vamos fazer uma viagem do EU ao NÓS por meio do texto A princípio bastaria ter..., de Domingos Oliveira interpretado por Antônio Abujamra.



A princípio bastaria ter saúde, dinheiro e amor,
o que já é um pacote louvável,
mas nossos desejos são ainda mais complexos.

Não basta que a gente esteja sem febre:
queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis. Dinheiro?
Não basta termos para pagar o aluguel, a comida, o cinema, o teatro:
queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.

E quanto ao amor?
Ah, o amor... 
não basta termos alguém com quem podemos conversar,
dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando.
Isso é pensar pequeno:
 queremos AMOR, todinho maiúsculo.

Queremos estar visceralmente apaixonados,
queremos ser surpreendidos por declarações
e presentes inesperados,
queremos jantar a luz de velas
de segunda a domingo,
queremos sexo selvagem e diário,
queremos ser felizes assim
e não de outro jeito.

É o que dá ver tanta televisão.
 Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes
de uma forma mais realista.
Ter um parceiro constante
pode ou não, ser sinônimo de felicidade.

Você pode ser feliz solteiro, 
feliz com uns romances ocasionais,
feliz com um parceiro, 
feliz sem nenhum.

Não existe amor minúsculo,
principalmente quando se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção.
Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo.
Não perder tempo juntando, juntando, juntando.
Apenas o suficiente para se sentir seguro,
mas não aprisionado.

E se a gente tem pouco,
é com este pouco que vai tentar segurar a onda,
buscando coisas que saiam de graça,
como um pouco de humor,
um pouco de fé 
e um pouco de criatividade.

Ser feliz de uma forma realista
é fazer o possível e aceitar o improvável.
Fazer exercícios sem almejar passarelas,
trabalhar sem almejar o estrelato,
amar sem almejar o eterno.
Olhe para o relógio:
hora de acordar.

É importante pensar-se ao extremo,
buscar lá dentro
o que nos mobiliza, instiga e conduz,
mas sem exigir-se desumanamente.

A vida não é um jogo
onde só quem testa
seus limites
é que leva o prêmio.

Não sejamos vítimas ingênuas
desta tal competitividade.
Se a meta está alta demais,
reduza-a.
Se você não está de acordo com as regras,
demita-se.

Invente seu próprio jogo.
 Faça o que for necessário
para ser feliz.
Mas não se esqueça
que a felicidade
é um sentimento simples,
você pode encontrá-la
e deixá-la ir embora
por não perceber sua simplicidade.
Ela transmite paz 
e não sentimentos fortes,
que nos atormenta
e provoca inquietude
no nosso coração.

Isso pode ser
alegria, paixão, entusiasmo,
mas não felicidade.

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