Vamos fazer uma viagem do EU ao Nós, por meio do texto de Oscar Wilde, declamado por Antonio Abujanra.
Escolho meus amigos
não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho
questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam
os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que
fazem de mim louco e santo.
Deles não quero
resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas
e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo
louco.
Quero os santos, para
que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos
pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro
e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto,
não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos
assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos
previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios,
daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a
fantasia não desapareça.
Não quero amigos
adultos nem chatos.
Quero-os metade
infância e outra metade velhice!
Crianças, para que
não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para
saber quem eu sou
Pois os vendo loucos
e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que
“normalidade” é uma ilusão imbecil e estéril.
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